“A coloração é um assunto complexo e deve ser abordado de forma muito criteriosa pelo profissional, pois essa química pode ocasionar uma série de problemas que são, na maior parte das vezes, subestimados pelos pacientes e subdiagnosticados pelos médicos. Também é alvo de muito marketing pelas empresas causando confusão na cabeça do consumidor. As vezes, as ditas ‘naturais’, não são tão naturais assim. As ‘livres de amônia’ não significa isentas de riscos. Percebo que muitas pacientes não sabem a marca que estão utilizando e muitas ainda compram as opções mais baratas. Quando falamos de química capilar, priorize sempre a qualidade, não o preço. E principalmente se você já apresenta algum problema capilar, procure um profissional para orientá-lo. Testes podem ser necessários e a escolha correta pode fazer toda a diferença na saúde e beleza do seu cabelo.” – Comenta a Dra Anaflávia Oliveira, nossa médica e tricologista pela International Association of Trichologists.
E nesse sentido, a química com pós-graduação em Tricologia Evelize Bratfisch, trouxe para vocês um pouco de informações mais detalhadas sobre os tipos de coloração e corantes presentes no mercado. Espero que gostem!
Olá, pessoal! Como química, resolvi escrever sobre os tipos de coloração existentes no mercado para quem costuma colorir os cabelos, levando em consideração o mecanismo de ação, sua durabilidade e composição.
QUAIS SÃO OS TIPOS DE CORANTES?
Quimicamente, temos 4 formas de colorações do cabelo:
- CORANTES NATURAIS E CORANTES METÁLICOS
- CORANTES TEMPORÁRIOS
- CORANTES SEMIPERMANENTES
- CORANTES OXIDATIVOS
COLORAÇÃO VEGETAL
Algumas substâncias presentes em diferentes espécies botânicas têm afinidade pela queratina do cabelo.
Os corantes vegetais são orgânicos e podem ser removidos facilmente. Eles se depositam superficialmente sobre a cutícula, formando uma barreira colorida e impermeabilizante. Por exemplo:
Henna
Deposita-se no interior do pelo, produz cores estáveis e é atóxica. A sua cor original é de tons vermelhos a alaranjados, e quando é aplicada em cabelos brancos, tinge de laranja. Também serve para colorir as unhas, pois tem afinidade com a queratina.
Índigo
Após a fermentação das folhas, apresenta uma cor azul esverdeada. Ao ser misturada à Henna, produz tons do marrom ao negro.
Camomila
A Camomila deposita sobre os fios alguns compostos de flavonoides de coloração amarela. Possui baixa fixação.
COLORAÇÃO METÁLICA
É um tipo de coloração por deposição e deve ser usada diariamente. Devido a oxidação causada pelo ar, os complexos metálicos desenvolvem a cor gradualmente.
Utiliza metais de transição, pois eles são coloridos. A reação dos metais da coloração com o enxofre da queratina do cabelo forma um sulfato metálico que colore e altera a tonalidade do fio. Também adiciona-se enxofre ao produto para melhorar sua performance.
Os sais metálicos apresentam cores que vão do marrom ao preto (Chumbo, Prata, Cobre, Niquel e Bismuto). É de fácil aplicação e não há controle sobre a cor final dos cabelos. São extremamente tóxicos e deixam os fios esverdeados nas primeiras aplicações.
COLORAÇÕES COMPOSTAS
Mistura de Henna, Índigo, Pirogalol, Sais de Níquel, Ferro e Cobalto na presença de um agente redutor. A maioria dos produtos em creme são uma mistura de henna e corantes sintéticos. O ácido pirrogálico é usado para fazer com que o tingimento alcance nuances mais escuras.
COLORAÇÕES SINTÉTICAS
São moléculas sintéticas inspiradas nas naturais ou em precursores químicos de núcleos cromóforos (regiões da molécula responsáveis por absorver certos comprimento de ondas da radiação visível).
A química orgânica sintética proporcionou resultados de corantes melhores que os naturais e aumentou a gama de cores. Para colorir o suficiente e ser utilizada como corante, a molécula deve ser relativamente grande, ter um extenso número de ligações π conjugadas e grupos doadores de elétrons contendo nitrogênio, enxofre e/ou oxigênio. Corantes sintéticos são muito alergênicos, podem causar graves tipos de dermatites, irritações oculares e asma.
Nas colorações permanentes ou semi-permanentes, combinam-se moléculas grandes (corantes acopladores e/ou pequenas (corantes precursores). Os dois tipos se polimerizam dentro da fibra na presença do oxidante, cobrindo a melanina.
Temos quatro tipos de colorações sintéticas: temporária ou progressiva, semi-permanente, demi-permanente e permanente. Na tabela abaixo, verifica-se a diferença entre elas:
|
PROGRESSIVO |
SEMI-PERMANENTE |
DEMI-PERMANENTE |
PERMANENTE – COM AMÔNIA |
Lavagens |
1 – 2 xampus |
6 – 8 xampus |
6 – 8 semanas |
Permanente |
Efeito Clareador |
Nenhum |
Nenhum |
Nenhum |
Pouca amônia – 1 tom, normal – 2 tons, muita amônia – 3 tons |
Cobertura de Brancos |
Nenhuma |
Máximo 30%(Primeiros fios) |
Máximo 50% |
Pouca amônia – até 70%
Normal ou Muita – 100% |
Coloração |
Somente reflexos |
Mesmo tom ou mais escuro |
Mesmo tom ou mais escuro |
Mesmo tom, mais claro ou mais escuro (com ou sem reflexos) |
Produto Final |
Pronto para o uso |
Pronto para o uso ou pausa para aplicação |
Misturar antes do uso: 1 parte do colorante + 1 parte do oxidante (H2O2), respeitar a proporção e o tempo de aplicação |
Benevides, Paulo JC, 2012.
Temporário ou Progressivo
São corantes básicos ou ácidos de alto peso molecular e solúveis em meio aquoso. São moléculas grandes que não conseguem atravessar a cutícula dos cabelos sob condições normais. Pertencem às classes AZO, Antroquinona, Trifenilmetano, Xanténico e Benzoquinonaimina. De respeitar o pH de aplicação, caso contrário a cor pode mudar.
Sistema Semi-Permanente
Possuem baixo peso molecular, e na grande maioria, são corantes derivados de nitro-compostos (proporcionam tons do amarelo ao laranja, impossíveis de alcançar com os corantes oxidativos, sobretudo no tom cobre). Eles penetram na cutícula do cabelo, se depositam no córtex e não são removidos facilmente. Geralmente são misturados de 10 a 12 corantes diferentes para obter a cor desejada. Não se dissolvem em água e a aplicação precisa ser uniforme.
Sistema Demi-Permanente e Permanente
O que difere as duas é que na primeira o alcalinizante é a Monoetalonamina (MEA), e na segunda é o Hidróxido de Amônio (NH4OH). O alcalinizante NH4OH amacia e abre a cutícula do cabelo, permitindo que a mistura de corantes chegue mais rapidamente ao córtex.
Na tintura permanente, a cor só é formada quando misturamos a água oxigenada (que é o oxidante) com o conteúdo da bisnaga na qual estão os corantes e o alcalinizante (ele mantém o ph entre 9,0 e 10,5).
A reação química entre corantes em meio alcalino e na presença de oxidante pode revelar tonalidades mais claras ou escuras, ajustando a proporção dos corantes e oxidantes.
É o único tipo de tintura que clareia o cabelo. Proporciona uma abertura demasiada das cutículas, necessária para a absorção de corantes pelo córtex. Como consequência deste mecanismo, diminui a maciez e brilho dos fios, aumentando o esforço necessário para penteá-los.
Toxicidade
Estudos sobre a possibilidade das tinturas causarem mutações em fetos ou serem cancerígenas são pouco conclusivos. Todas as pesquisas foram feitas somente com os corantes, e não com as colorações finais.
Converse antes com seu cabeleireiro e com os profissionais que cuidam do seu cabelo para saber se você pode usar colorações capilares e quais as melhores opções para o seu caso, levando em consideração seu histórico e condições que se encontra seu cabelo!
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